BICHA, PRETA E POBRE: DOR E RESISTÊNCIA
Ser uma bicha preta não é tarefa fácil. Os corpos pretos são os alvos preferidos do açoite desde a primeira metade do século XVI, quando começou oficialmente a escravidão no Brasil junto com a produção de açúcar. De lá para cá, a negritude segue sendo mira para o preconceito. O peso do chicote opressor é ainda mais intenso se, além de preto, o corpo for colorido. A negritude LGBTQIA+ apanha com vozes, gestos e balas. Não há clemência, respeito nem piedade. O Brasil é o país onde mais se mata homossexuais no mundo. A cada 25 horas é registrada uma morte. Dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) indicam que sete em cada dez dessas mortes são de negras e negros. Na caçada dos preconceituosos, as bichas pretas estão mais vulneráveis. Se forem gays afeminadas, ou ainda travestis e transgêneros, a gana do ódio heteronormativo branco é ainda mais voraz. A população negra transexual e travesti tem uma média de idade de 30 anos no Brasil. Antes que você ache que isso é ‘mimimi’, segundo o IBGE, a médi