ANTICLÍMAX DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS – FOUCAULT E DELEUZE E DERRIDA FRENTE À CRISE, Curadoria de Scarlett Marton, livre-docente em filosofia da USP.


Hoje nós nos sentimos indivíduos adestrados? Temos a impressão de sermos estritamente vigiados? Ou estamos em permanente exposição? Em que medida vivemos em uma sociedade disciplinar? Ou em uma sociedade de controle? Ou ainda em uma sociedade mediática?

Nos anos 1970, caminhando em direções bem diferentes, Foucault, Deleuze e Derrida desenvolveram uma reflexão crítica de rara acuidade, criando conceitos de grande alcance. Em que medida o chamado “pensamento rebelde” ainda mantém sua força explicativa? Em que medida ele vem auxiliar a compreender melhor nossa sociedade? Em que medida pode contribuir para refletir sobre os problemas do nosso tempo?

A seguir o pensamento desses três pensadores será abordados pelos filósofos  Elisabeth Roudinesco que abordará sobre Foucault, Deleuze e Derrida: Pensamentos rebeldes e heranças cruzadas, Frédéric Worms que falará sobre Poder e luto originárioGuillaume Le Blanc que discorrerá sobre A vida pode ser fora das normas?Pierre Zaoui que abordará sobre Da revolução à dissidência: a filosofia francesa depois de maio de 68 e Scarlett Marton que discutirá com os convidados Elisabeth Roudinesco, Frédéric Worms, Guillaume Le Blanc, Pierre Zaoui sobre Foucault, Deleuze e Derrida frente à crise. Os vídeos fazem parte do Programa de TV Invenção do Contemporâneo do Instituto CPFL cultura em Campinas.  

FOUCAULT, DELEUZE, DERRIDA: PENSAMENTO REBELDE E HERANÇAS CRUZADAS, Elisabeth Roudinesco, historiadora e psicanalista autora de diversos livros. É uma reconhecida intelectual na área da história e da psicanálise, com presença ativa em publicações científicas e na imprensa. É graduada pela Sorbonne, com especialização em linguística, e com mestrado e doutorado pela Universidade Paris VII. Considerada uma das maiores especialistas em história da psicanálise, transformou a complexa doutrina freudiana em matéria-prima para best-sellers, como a História da Psicanálise na França.

Três homens, três pensamentos, três fortes influências na História contemporânea da Filosofia e da Psicanálise. Eles quebraram regras, mudaram estruturas, revolucionaram a psiquiatria humanizando a “loucura” e falaram da vida e da morte como nunca havia sido feito. Três gerações que se cruzaram e o que os uniu foi mais forte do que o que os separou. Estruturalista, pós-estruturalista ou anti-estruturalista, a geração que reuniu três tem em comum o fato de ter questionado a natureza do sujeito e de criticado violentamente as ilusões das “Luzes”. Eles pensaram sobre o status do sujeito, do indivíduo nas sociedades liberal e pós-liberal. Eles pensaram também, a amizade, a fidelidade, a infidelidade, o adeus e a morte.



PODER E LUTO ORIGINÁRIO, Frédéric Worms, é considerado o maior especialista na obra de Bergson, presidente do Centre International d’Étude de la Philosophie Française Contemporaine e professor da École Normale Superieure, em Paris. Atualmente, é responsável pelo relançamento da obra integral de Bergson na França, sob o título Le Choc Bergson. Além da coautoria da biografia de Bergson, Worms publicou outros três livros sobre o filósofo: Introduction à Matière et Mémoire (PUF, 1997), Le Vocabulaire de Bergson (Ellipses, 2000) e Bergson ou les Deux Sens de la Vie (PUF, 2004). 

Os pensadores franceses dos anos 60 estão ligados a uma certa imagem de França e nos ajudam a entender as implicações decisivas de nosso presente. Três deles são essenciais: Foucault, Deleuze e Derrida. Expoentes dos anos 60, eles se focalizaram nos anos precedentes para prever os subsequentes e nos permitem assim, compreender nossa atualidade. Eles pensaram a vida, mas nunca de uma maneira direta e simples, como se a vida fosse um objeto ou um fato, ou uma essência diretos. Eles a abordam sempre de uma maneira indireta, de maneira critica, de praticas de poder, através da linguagem, da política. Os últimos textos escritos por Derrida, Foucault e Deleuze, pouco antes de morrer, falam da vida. E é porque eles sempre abordam a vida de maneira indireta que eles têm algo a nos ensinar hoje.


A VIDA PODE SER FORA DAS NORMAS? Guillaume Le Blancé professor de filosofia na Universidade de Paris-Diderot desde 2018. Ele é especializado em filosofia francesa do século XX (em relação com a filosofia continental), teoria crítica, filosofia social e política. PhD em filosofia na University Paris-Nanterre, dedicado a Georges Canguilhem. Sua habilitação (tese de pós-doutorado e qualificação de professor de pós-doutorado) foi em 2004 na Universidade de Paris-Diderot intitulada “La vie et les normes”. Tornou-se “Maître de Conférences” e depois foi promovido a professor catedrático na Universidade de Bordeaux-Montaigne (2000-2015). Ele foi eleito professor de filosofia social na Universidade Paris-Créteil (2015-2018). Ele passou vários meses como professor visitante em diferentes universidades (Québec, Hamburgo, München, Kyoto, Bruxelas).

O que significa dizer que a Filosofia avança em direção à tolerância, ao respeito dos outros pensamentos ? Significa que ela busca afrouxar o curso das normas dentro das quais as existências estão contidas. A vida esta’ em relação estreita com as normas e estas normas são plurais, múltiplas. Entre, inclusão, exclusão e precariedade, onde cada um de nós se situa? Se resvalamos para a margem, para a periferia da sociedade, nos tornamos um fora-das-normas, um excluído do jogo social, um condenado pela maldição social? Segundo Guillaume Le Blanc, a margem não é simplesmente o que esta’ fora do mapa de uma sociedade, mas também algo que abre novas formas de vida.




DA REVOLUÇÃO À DISSIDÊNCIA: A FILOSOFIA FRANCESA DEPOIS DE MAIO DE 1968, Pierre Zaouié um filósofo francês. Leciona na Universidade de Paris VII - Diderot. Membro do Centro Internacional para o Estudo da Filosofia Francesa Contemporânea (CIEPFC), foi também Diretor do Programa no International College of Philosophy (CIPh) de 2004 a 2010. Sua pesquisa se concentra em particular em Spinoza, Gilles Deleuze e o pensamento político (liberalismo). Ele escreve em várias revistas, incluindo Esprit, Astérion e Mouvements. É membro do conselho editorial da revista Vacarme.

A maioria das revoluções que conhecemos acabaram reproduzindo exatamente aquilo que elas combatiam. a dissidência não é um modelo de tomada radical do poder. Significa inscrever-se no interior de um sistema, tomar partido, sem jamais acreditar que se pode revolucioná-lo completamente. Assim foi maio de 1968... Que ainda não terminou. Maio de 1968 desestabilizou as categorias clássicas da política, quebrou os paradigmas, pulverizou o niilismo e continua a fazê-lo ainda hoje. foi uma revolução que não causou mortes; foi política, mas não queria tomar o poder. Foucault, Deleuze e Derrida, os filósofos rebeldes, nos ajudam a repensar a política do pós-maio de 1968, cada um à sua maneira. Eles propõem a política da felicidade e do intolerável como alternativa à política clássica do medo e da esperança. Uma revolução que ainda está em marcha...


FOUCAULT, DELEUZE E DERRIDA FRENTE À CRISE, Scarlett Martoné professora titular de Filosofia Contemporânea da Universidade de São Paulo. Graduou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo, concluiu mestrado em Filosofia na Université Paris 1 Pantheon-Sorbonne, defendeu doutorado  e livre-docência em Filosofia pela Universidade de São Paulo; Publicou no Brasil cerca de dezoito livros, na maioria sobre a filosofia nietzschiana, dentre eles: Nietzsche e a arte de decifrar enigmas (2014); Nietzsche, das forças cósmicas aos valores humanos (3ª ed., 2010); Extravagâncias: Ensaios sobre a filosofia de Nietzsche (3ª ed., 2009); Nietzsche, seus leitores e suas leituras (2010); Nietzsche, filósofo da suspeita (2010); A irrecusável busca de sentido. Autobiografia intelectual (2004). Publicou ainda ensaios em livros e revistas especializadas no Brasil, na Alemanha, na Áustria, na Espanha, na França, na Itália, em Portugal, nos Estados Unidos, na Colômbia, na Venezuela, na Bolívia, na Argentina e no Chile; Fundou o GEN Grupo de Estudos Nietzsche; criou os Cadernos Nietzsche; é coordenadora da coleção de livros ?Sendas & Veredas?; implementou o GT Nietzsche junto à Anpof. Integra o comitê científico de Hyper Nietzsche, de Nietzsche-Studien e de Monographien und Texte zur Nietzsche-Forschung.

Este programa, que reúne ideias de Frédéric Worms, Guillaume Le Blanc, Pierre Zaoiu, Elizabeth Roudinesco, além da curadora do módulo Scarlett Marton, investiga em que medida vivemos em uma sociedade disciplinar ou em uma sociedade de controle? Ou ainda em uma sociedade mediática? Nos anos 1970, caminhando em direções bem diferentes, Foucault, Deleuze e Derrida desenvolveram uma reflexão crítica de rara acuidade, criando conceitos de grande alcance. Em que medida o chamado “pensamento rebelde” ainda mantém sua força explicativa? Em que medida ele vem auxiliar a compreender melhor nossa sociedade? Em que medida pode contribuir para refletir sobre os problemas do nosso tempo?




Os vídeos fazem parte da série o sofrimento humano nos tempos atuais com curadoria de Scarlett Marton do Programa Invenção do Contemporâneo do instituto CPFL Cultura da TV CPFL e gravados no instituto CPFL cultura em Campinas - SP. 


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