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QUANDO SE ACEITAR FAZ BEM A SI E FAZ MAL AOS OUTROS

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           O processo de aceitação é muito difícil e dolorido, principalmente quando essa aceitação vai de encontro com a norma e o padrão, considerado como correto e normal pela sociedade. Se aceitar e se entender como algo já é algo dolorido, ainda mais quando a sua identidade, o seu verdadeiro, causa frustração em alguns que outrora planejou uma vida pra outros como sendo a projeção da vida de outros. Mas chega um dia que você se aceita, depois de muitas dores e mutilações e lágrimas. Mas as lágrimas, mutilações e dores não se encerram, pois vem o julgamento de todos os lados, famílias, amigos, igreja e por ate mesmo daqueles que não conhecem você. Julgamento esses que não sabem os infernos que você passou durante toda a sua vida e os demônios que teve que vencer. Essas pessoas não sabem o que está na pele de alguém que vive se perguntando e se martirizando e ate se demonizando por conta de algo que não depende de nossa vontade. Por conta de nossa identidade, que foi dada por deus,

O SOFRIMENTO HUMANO NOS TEMPOS ATUAIS, curadoria de Regina Herzog.

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  Nos tempos atuais, assistimos a vastas transformações nos diversos setores da sociedade. Transformações políticas, sociais, econômicas e tecnológicas, abrindo diversas possibilidades de intervenção na saúde, o que certamente provoca os mais variados efeitos nos indivíduos. Fala-se muito que vivemos tempos de crise que acarretam uma revolução no modo de ser e de se estar no mundo. E o que é uma crise? O termo crise pode ter uma conotação positiva (no sentido de evolução, crescimento) ou negativa (como perda ou regressão); seja como for, crise remete a uma ruptura, uma mudança brusca com referência a um determinado status quo. Como encarar este momento, ou melhor, como vivenciamos este momento? Qual a razão de tanto sofrer, de tantos dissabores que distinguem o final do século 20 e início do presente século com a marca da depressão? Costuma-se dizer que esta crise é a responsável pelo profundo mal-estar do ser humano com relação a si próprio ou ao convívio com seus semelhantes. Nas qua

NUNCA TENTE PERSUADIR O TOLO COM ARGUMENTOS. É INÚTIL!

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          Tolos. Se você conhece algum, vai entender perfeitamente a razão pela qual considero o caminho da persuasão lógica e racional um caminho contraproducente no diálogo com eles (se é que é possível tal diálogo!). A razão é bem simples: o tolo é, por natureza, completamente satisfeito consigo mesmo. Ou seja, ele está tão embriagado de si mesmo que a única coisa que ele consegue aceitar, no diálogo com o outro, é ele próprio e suas ideias. Nada mais lhe interessa senão confirmar ou reafirmar suas teses. Ele não consegue olhar para o outro, esforçando-se por compreendê-lo. E essa incapacidade decorre do fato de que ele foi sugestionado a acreditar em si mesmo e em suas ideias sem ter que, ao mesmo tempo, refletir criticamente sobre si mesmo e suas ideias. Em outras palavras, o tolo é aquele que foi ensinado por “autoridades inquestionáveis” a absorver inúmeros pressupostos, muitos deles plausíveis e verdadeiros, porém sem questioná-los, sem pensá-los.           Que não se entenda a

ANTICLÍMAX DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS – FOUCAULT E DELEUZE E DERRIDA FRENTE À CRISE, Curadoria de Scarlett Marton, livre-docente em filosofia da USP.

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Hoje nós nos sentimos indivíduos adestrados? Temos a impressão de sermos estritamente vigiados? Ou estamos em permanente exposição? Em que medida vivemos em uma sociedade disciplinar? Ou em uma sociedade de controle? Ou ainda em uma sociedade mediática? Nos anos 1970, caminhando em direções bem diferentes, Foucault, Deleuze e Derrida desenvolveram uma reflexão crítica de rara acuidade, criando conceitos de grande alcance. Em que medida o chamado “pensamento rebelde” ainda mantém sua força explicativa? Em que medida ele vem auxiliar a compreender melhor nossa sociedade? Em que medida pode contribuir para refletir sobre os problemas do nosso tempo? A seguir o pensamento desses três pensadores será abordados pelos filósofos   Elisabeth Roudinesco que abordará sobre  Foucault, Deleuze e Derrida:  Pensamentos rebeldes e heranças cruzadas ,   Frédéric Worms que falará sobre  Poder e luto originário ,  Guillaume Le Blanc que discorrerá sobre  A vida pode ser fora das normas? ,  Pierre Zaoui

AS MINORIAS SÃO AS VÍTIMAS DA NECROPOLÍTICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA

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No dia 20 de setembro de 2019, a menina Ágatha Félix, de apenas oito anos de idade, foi morta em uma operação policial no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Foi a quinta criança a morrer dessa forma (em operação policial), neste ano, no Rio de Janeiro, somando 57 crianças desde o ano de 2007. No mesmo mês, um vídeo circulou amplamente nas redes sociais com imagens de tortura de um adolescente de 17 anos que vivia em situação de rua, aplicadas por seguranças de um supermercado na cidade de São Paulo. Em fevereiro de 2019, no Rio de Janeiro, um garoto de 19 anos foi imobilizado e sufocado por um segurança de supermercado até a morte por parada cardíaca. Em meados de 2018, Sheila, travesti negra e pobre, foi assassinada a pedradas na cidade de Buriticupu, a 450 km de São Luís, crime que ate hoje ainda não se tem noticia se a policia, o ministério publico ou qualquer outro órgão do estado tem feito algo para apurar qualquer situação. Eventos como esse, protagonizados por seguranças de

TIRANDO O VÉU DO PRECONCEITO: A visão estereotipada do Ocidente sobre as mulheres muçulmanas

Nenhum tema é tão controverso quanto a questão das mulheres na história da humanidade, sobretudo a da mulher muçulmana. No imaginário popular, elas oscilam entre dois opostos: são belas e sensuais, como nas Mil e Uma Noites, ou são oprimidas e submissas, escondidas sob véus, como surgem no noticiário da TV. Entre os dois extremos, estão mulheres comuns e reais: mães, esposas, filhas que trabalham e estudam, ocupam espaços na política e nas artes, são economicamente ativas. Se para o escritor paquistanês Tariq Ali não existe um mundo muçulmano monolítico, o mesmo se aplica aqui: a mulher muçulmana é plural, reflete suas condições e posições de acordo com vários fatores, como situação social e país de origem, vivendo os dilemas modernos entre a liberdade e a opressão, o preconceito, a discriminação e o estereótipo. Este tem dupla origem: é a imagem criada pelo Ocidente numa longa tradição do contato entre culturas diferentes, como também decorre da propagação dessa imagem por grupos extr

QUERIDO DISCRETO, AFEMINADOS NÃO SÃO PALHAÇOS

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     Nada contra afeminados, apenas não me interesso. Questão de gosto! Elas me fazem passar vergonha, mas sempre dou muita risada.”      A rigor, o trecho acima exemplifica o discurso infundado, que alimenta o dilema do preconceito internalizado tão marcante dentro da comunidade LGBT e denota o complexo de inferioridade do gay, que tenta a todo o momento se moldar na imagem do hétero.      Por excelência, “ser discreto e fora do meio” é fator preponderante, perpetuado nos aplicativos de relacionamento. Ser gay? Tudo bem! Dá pinta? Jamais!      A construção da imagem do macho é frágil, e mesmo entre os héteros, a exigência do homem insensível, que não demonstra fragilidade, é uma obrigatoriedade. Tirar a sobrancelha, raspar o suvaco, se depilar, saber cozinhar, ter a voz fina ou ser educado, é motivo de piada.        Ser afeminado mexe na figura do machismo, e por isso os afeminados são revolucionários.      Tomar por base o senso comum de que afeminados são, necessariamente,